Manutenção: o que o desabamento de uma varanda nos diz

Reforma e manutenção são coisas sérias.

Aqui no 100pepinos a gente fica muito triste quando vê notícias como a do desabamento de parte da varanda do Edifício Versailles, em Fortaleza, que deixou um morto e dois feridos na segunda dia 02 de março.

A varanda já estava com fissuras, provavelmente causadas porque houve infiltração de água que enferrujou a estrutura. Aí o peso não foi suportado e rachou. Então fio iniciada uma reforma para escorar a varanda que estava caindo, mas durante a obra ela desabou. Os operários iriam realizar o escoramento como medida preventiva. Segundo o que acompanhamos pela imprensa, a obra não tinha assessoria técnica de um engenheiro e nenhum responsável foi identificado.

prédio desaba fortaleza - detalhe da varanda

Mas como há uma norma que exige que quase todo tipo de reforma em apartamento tenha um responsável técnico e se o condomínio autorizar a obra sem esse laudo, o síndico se responsabiliza, é isso que, provavelmente – também conforme o que a imprensa está noticiando – vai acontecer ao síndico do Edifício Versailles terá que assumir a responsabilidade pelo acidente. O edifício foi evacuado e também parece que todas as varandas estão em risco. Vida em condomínio – todos afetam todos.

Quer saber sobre o que estamos falando? Veja esta matéria aqui e esta outra também.

Veja quantos aspectos envolvidos: manutenção negligenciada, reforma séria feita por conta própria, responsabilidade do condomínio, implicações aos vizinhos.

A gente alerta para que você fique atento e não descuide das questões de segurança da reforma de sua casa. Confira nossas dicas e fique de olho para evitar problemas.

1. Manutenção preventiva é importante

Ainda é comum as pessoas buscarem os serviços de manutenção apenas quando aparecem os defeitos. Não é à toa que ‘é melhor prevenir do que remediar’ é um ditado tão conhecido. Prevenção – e manutenção – são fundamentais.

Por exemplo, telhados de madeira com o passar dos anos têm sua estrutura deformada. O ideal é verificar a estrutura uma vez por ano e recuperar os trechos danificados ou refazer a pintura de proteção.

Você pode testar os disjuntores do quadro de força a cada seis meses. Basta abaixar o botão e ver se a energia foi cortada e, depois, voltar à posição normal. Se não tiver interrompido a energia, é hora de trocar o disjuntor. E é melhor chamar um técnico para fazer esse serviço.

A pintura desbota e deve ser refeita a cada dois ou três anos. Você pode contratar um profissional para uma avaliação geral. Lembre-se de que a conservação da casa varia de acordo com o tempo e a intensidade de uso.

2. A casa dá sinais. Fique atento

A melhor maneira de manter a casa em ordem é observar os pequenos problemas e repará-los antes que se tornem grandes. Por exemplo, se, ao ligar dois aparelhos elétricos ao mesmo tempo, a energia oscilar, é hora de revisar as instalações elétricas.

Se notar fissuras ou trincas chame um profissional antes que o problema evolua!

Alguns sinais: rachaduras, vazamentos, torneiras quebradas, disjuntor que cai ou luz que oscila. Faça também pequenos testes: verifique se todas as tomadas funcionam, observe se os disjuntores estão caindo ou se a luz anda oscilando com frequência, veja se sai bastante água no chuveiro, se as torneiras funcionam bem, se os registros vedam e se não há infiltrações ou rachaduras aparentes.

3. Cuidado com gambiarras

Não deixe que os reparos se acumulem e evite improvisos para solucionar problemas. Se não souber fazer e der um jeitinho, terá que refazer e vai gastar mais tempo e dinheiro. Tá faltando tomada e você resolve colocar benjamin? O uso exagerado do benjamim e das extensões é muito perigoso e pode chegar a causar acidentes graves devido ao super aquecimento que causa curtos-circuitos e até incêndios.Cuidado, você pode arrumar um problemão com algo que seria de simples resolução! Com elétrica também não se brinca.

4. É melhor contratar um profissional

Quem preferir assumir o serviço sem ajuda profissional, poderá perder a garantia (para aparelhos ou produtos) caso haja algum problema no futuro. A casa é um sistema. Às vezes você vai arrumar uma coisa e acaba estragando outra.

Você precisa saber bem os riscos envolvidos e planejar como fazer sem afetar outras estruturas. Só faça os reparos se conhecer bem o assunto e se não houver nenhum risco a sua integridade física. Tem coisas que são só para profissionais habilitados. Contrate!

5. Não modifique ou derrube partes da estrutura

Só um engenheiro ou um arquiteto pode dizer com segurança se uma parede pode ser tirada. O mesmo vale para os elementos de sustentação, como vigas, pilares e lajes. O arquiteto ou o engenheiro só vai concordar com a retirada de qualquer parte da estrutura se essa alteração não comprometer a estrutura e a segurança da casa ou apartamento. Além disso, se for preciso, ele indicará o reforço necessário para que você possa fazer a mudança desejada.

Se não for possível quebrar o que você está querendo, não faça. Tenha certeza que não corre nenhum risco de segurança na construção, você não quer conviver com trincas ou rachaduras, ou pior ainda quebrar e provocar um desabamento!

Hoje muitas construções são feitas em alvenaria estrutural, ou seja, é a própria parede que veda a casa, sustenta e dá estrutura. Não pode demolir alvenaria estrutural, hein!

6. Cuidado com acréscimo de cargas

Você quer colocar um ôfuro na varanda? Uma nova caixa d´água para ter mais reserva? Ou esta pensando em nivelar o piso da sacada com a sala? Cuidado!As estruturas existentes podem não suportar o peso extra que você vai adicionar! Mas, uma vez é necessário chamar um profissional para analisar se a casa está preparada para receber a carga adicional e dimensionar o reforço de estrutura que será necessário.

A gente espera que a reforma se torne um prazer e que esteja completamente dissociada de pepinos e, principalmente, de acidentes graves.

Seguimos aqui por reformas sem pepinos! Conta com a gente.

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2 comentários em “Manutenção: o que o desabamento de uma varanda nos diz”

  1. SOBRE O EDIFÍCIO VERSALHES / FORTALEZA (CE)
    Eventuais falhas de projeto e/ou de execução da obra, somadas à incidência de ventos dominantes (do quadrante nordeste) e à distância de 3 quadras da praia (que fornece névoas salinas, ricas em cloretos), além das fortes rachaduras – de “avisaram”, de modo gritante, a aproximação da tragédia -, deveriam ter bastado para que os “asnos” envolvidos (moradores, síndicos, crea regional, defesa civil, ministério público, etc) tivessem desviado, as obtusas cabecinhas, dos cochos de alfafa . . . E tudo indica que os operários já tinham começado a apoiar as extremidades do balanço, medida tão sabidamente instintiva e recorrente quanto tecnicamente analfabeta, pois até os faxineiros das faculdades – de engenharia e arquitetura – sabem que tais escoramenos geram momento positivo, para o qual nenhum balanço possui armadura adequada. É de lascar . . . 03.03.2015
    SYLVIO NOGUEIRA Arquiteto e Urbanista / http://www.snogueira.com

  2. Prezados
    Tenho uma sala com varada num nível superior com um teto caído, que dá para o quinta, ou seja não tem nehum ambiente em cima dessa sala, eu gostaria de baixar o chão dessa sala ao nível dos ambientes do térreo para que minha casa ficar num nível só. Seria possível, se precisar envio a planta estrutural.
    Obrigada

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